11 setembro, 2016

Não há vagas (?)

Falo sempre sobre idas, sobre partidas e chegadas porque a vida é feita (também) delas. A minha certeza de ontem, a cara de criança, alguns medos e algumas pessoas se foram.

Sentimentos, pessoas, pensamentos, dúvidas, medos, anseios chegam, mas, a qualquer momento, podem partir. Isso nós sabemos, mas o difícil é entender essa lógica (ou filosofia) das idas e vindas da vida.

Algumas coisas que chegam até nós não nos prendem tanto. Fica até fácil praticar a lei do "fique à vontade para ir". Outras, pelo contrário, nos custa - e nos machuca - o ato de desapegar. Sabemos que nada é permanente, mas gostaríamos que algumas pessoas e coisas fossem.

Às vezes, aquilo que parte deixa saudade, rancor, mágoa, lágrimas, boas lembranças.

Deixam espaços que podem permanecer vazios por algum tempo... Mas não queremos nos sentir vazios. Queremos estar cheios. Em certos momentos, estamos tão ansiosos que os lugares vazios nos inquietam, incomodam. Nós queremos estar sempre lotados, mesmo que não comportemos a lotação. Nessa hora, transbordamos porque temos um limite. Essa é a hora de deixar ir. Deve haver alegria nas idas.

E, também, na chegada. Não falo daquela que aparece só para preencher um espaço, mas sim daquela que completa. Porque da mesma forma que há partidas que doem, algumas chegadas corroem. Às vezes, nós praticamos a dor e a corrosão.

O segredo é aprender a conviver com o copo meio vazio e com o meio cheio. E, pelo que sei, isso vai continuar a ser um segredo.