14 julho, 2017

Vulnerável

O amor tirou minha voz, minha cara, 
roubou minha cor, tirou meu brilho, 
rompeu com tratados, 
desfez acordos. 
Tirou de mim o chão; 
me deixou sem teto.
Me fez perder o tom, sair da melodia, 
esquecer a letra, 
como se cantar 
e o que se escrevia. 
Ele limpou meus pensamentos 
e pensar era a única coisa que eu sabia.

Sanguessuga da alma.

O amor roubou minha temperatura. 
Estou frio e sem forma. 
E se antes eu formava e informava
agora eu já nem sei quem sou.
O amor roubou meu coração,
meu nome, 
minha identidade. 
Sou um tratado rabiscado, 
um mapa incompleto, 
um assunto indeterminado.
Um pedaço de sonho 
ou de algo amargo.
Uma criatura
simples
fragilizada pelo amor.
Vulnerável.