28 setembro, 2013

Dependência

É que eu ainda preciso da tua mão na minha. Dos teus olhos pendurados nos meus. Dos teus abraços sem motivo aparente. Das tuas ligações desesperadas.

Necessito do teu beijo rápido no meu pescoço e dos vários que você dá quando eu consigo realizar algo tão importante. Das tuas risadas altas e do sorriso tímido. Das tuas implicâncias com meus medos.
Das tuas ironias com a minha rotina. 

Eu preciso do teu bom dia! Preciso te ver dormir e dormir com a cabeça encostada no teu ombro. Ainda preciso ouvir teus sonhos e me achar neles. Saber teus planos e ver que tem espaço pra mim no teu futuro. Consolar teu desconsolo, acalmar tua raiva...

Preciso das tuas palavras me acalmando nas decepções. Da tua segurança nas decisões. E da tua serenidade nos contratempos.

Ainda preciso saber se você está bem, se quer colo, carinho ou companhia pra uma canção. Se está a fim de uma tarde no parque, no cinema ou em casa. Se quer só conversar, se não quer nada ou se quer algo mais.

Preciso te sentir, ver e ouvir a tua voz dizendo que precisa de mim.

22 setembro, 2013

Explicações

Ah, eu não queria ter medo de amar, menina! Eu queria deixar-me ir em você. Sim, eu queria.

Mas eu tenho medo, por isso me esquivo. Por isso me faço líquido. Temo em me perder.

Gostaria de poder me envolver em você como se nada nos fizesse mal. Como se eu não pudesse me machucar. Como se a dor que ficasse depois fosse um nada perto do que existiu.

Ah, menina! Nem sempre a vida é como pensas. Nem sempre o amor é doloroso. Posso estar enganado, mas é melhor sentir a dor de amar que nunca senti-la.

Não sabia que, ao te ver, sentiria essa felicidade repentina. Que o meu sorriso poderia vibrar e minhas mãos suarem.

Mesmo sentindo isso, eu corri. Corri porque tive medo de encontrar em você aquilo que eu procurava.

Olha, menina, não é tão fácil esquecer um medo, um passado. Não te lastime, nem inquieta teu coração. Deixa que o tempo passe e eu fique em paz.

Deixe-me sossegar o coração e desfazer planos de um passado que ainda me consome.

Deixe-me ir, pois como o tempo - velho companheiro de caminhada-, o medo pode escapar também e, quem sabe, seguirei tranquilo.

Ah, menina...

Quero seguir pensando que ainda não tive outra chance de ser e fazer feliz. Quero pensar que foi mais uma tentativa que trouxe alguns benefícios e outras complicações.

Deixa eu pensar que meu medo pouco mudou e que eu ainda sei seguir sozinho.

19 setembro, 2013

Na calma

Chegou. Encontrou uma casa. Morou.

Organizou as coisas. Se organizou. Pôs na estante uma foto antiga.

Remontou o quarto. Fez a festa.

Colocou na prateleira um aviso e no quadro um sonho antigo de que, dessa vez, tudo iria dar certo.

Na varanda armou a rede e no coração dele começou a se balançar num indo e vindo que não dava sono.

Diferente do seu corpo, o quadro da parede era intocável.

Na sala, uma tevê em preto e branco e uma oração prum santo qualquer.

Pedia, na madrugada quente e na manhã fria, que o coração permanecesse estável e aquele sonho aceso.

Enquanto se balançava, agora na rede, sentia um alívio e um desespero por tudo estar tão quieto, tão normal.

Ah, se pudesse um furacão destruir aquela serenidade!

Mas é a brisa que vem vindo e mais um dia leve vai.

14 setembro, 2013

Sabe o bem?

Sabe o bem? Aquele que me abre mundos e estende braços.
O que me sorri primaveras e desperta verões em dias cinzentos.
Que me dá vontades de também ser o seu bem.

Pois é.

Sabe o bem? Aquele que me faz chorar rindo e chorar chorando.
O que me diz palavras duras como consolo.
Ele que me faz dormir angustiada e acordar apreensiva.
Que me dá receio em fazer o que possa desagradá-lo.

É complicado...

Sabe o bem? Aquele que chega tristonho e preocupado com o trabalho.
O que me pede carinho e colo nas indecisões.
Que me faz ser seu remédio e proteção.

Sou forte também!

Sabe o bem? Aquele com quem compartilho sonhos e ideias.
O que me faz acreditar que podemos ir além.
Ele que controla comigo os rumos incertos do nosso barco.
Que me aponta caminhos e me deixa dar soluções.

Do começo ao fim, estamos um com o outro.

07 setembro, 2013

Osmose

E a cada passo dado,
deixo pra trás 
pedaços de histórias
e um pedaço de mim.

E em cada olho,
se o olho,
deixo um pouco do brilho
que tenho em mim.

Em cada abraço,
deixo sorrisos e festas
lágrimas e feridas
de dores e alegrias
que ainda não conheci.

Se eu continuar assim,
você pode até acreditar
que eu, aos poucos,
estou sumindo.

Mas engana-se
quem pensa que
não roubo dos outros
um pouco daquilo
que se escapa de mim.

03 setembro, 2013

Transbordando

Com licença, por favor. Gostaríamos de passar. Abram as portas e nos observem.

Ouçam nossa alegria. Prestem atenção no novo par que se formou!

Já chega de tristezas, lamentações ou dor. Não há motivos para chorar diante o tilintar da vida.

Encontramos, um no outro, o sorriso acolhedor, o abraço abre-alas, a conversa pra acalmar a vida, o olhar que graceja, os beijos que duram.

Já nos buscávamos em sonhos; nos encontramos em desejos.

Nos soltamos das amarras do passado e nos demos de presente.

Nossos suspiros falam mais que esse texto, qualquer momento é mais importante que uma vida toda.

De que adianta uma vida toda se não se pode viver?

Vivemos uma nova vida todos os dias; e isso não nos custa.

Todo dia um sorriso, abraço... Todo dia é um benquerer maior, mais bonito e diferente do dia que passou.

Não sabemos quando vamos parar. Quem sabe, a roda gigante da vida completa sua volta e continuemos tão bem quanto estamos.

Quem sabe?

Na verdade, o futuro não nos preocupa. O presente nos interessa. O estar ao lado com um suspiro pronto para passar pelos lábios é mais importante.

Um olhar quente e um bocejo envolvente é mais importante que opiniões e olhares de desprezo.

Desprezamos quem despreza o amor.

Mas, isso não nos importa.

Temos amor demais e não interessa deixá-lo guardado, escondido dentro de uma simples caixa torácica.

E, se o amor for mesmo líquido, não atrapalhe nosso percurso. Estamos transbordando.