26 novembro, 2013

Metamorfoses

Uma menina especial, diferente das demais. Que não poderia ser tratada como uma qualquer. Com muitas características que faziam de si alguém admirável. Um físico atraente. Um intelecto de dar inveja. Apesar da pouca idade, muitas conquistas. Mesmo com pouca experiência, havia nela sabedoria. Ela era feliz.

Um dia, sentiu a necessidade de dividir a sua felicidade com alguém. Procurou, escolheu, recusou, mas, enfim, alguém diferente lhe apareceu. Como gostava de pesquisar coisas, quis saber o que havia por trás daquele sorriso enigmático. Foi, sorrateira, buscando um jeito de se enveredar na floresta do coração dele. Como quase sempre, ela conseguiu.

Ele fora previamente avisado que ela não era como as outras. De pronto, entendeu e atendeu o recado. Foi tratando-a do jeito que ela merecia. Não, nada de regalias, coisas espalhafatosas ou caras; era com carinho e o afeto amoroso que lhe era tão raro.

E, assim, ela se deixava conquistar e ia conquistando. Permaneceram em estágio de encantamento por um bom tempo. Sem bruxas ou feitiços, mas por uma indevida porção de engano, eles se deixaram.

Se ela tivesse se equilibrando em uma corda bamba, estaria mais segura. Sem chão. Sem ponto de apoio. Era essa a situação daquela que todos passaram a perceber mudanças. Não as físicas; mas as emocionais e comportamentais. Chorava escondida e na frente dos amigos. Não se importava quando lhe reclamavam; por vezes, aceitava resignada a situação.

Dias e meses passaram, porque tudo passa pra felicidade ou infelicidade de alguns. Hoje, as perguntas rolam e as respostas se escondem entre pequenos muros de mãos que protegem boca e ouvido. 

Onde está a menina diferente?

Está ali sendo mais uma.

O que houve com a garota especial?

Tá suplicando uma migalha de afeto.

Por que fazer tudo isso?

Porque ela está procurando um espaço na vida de um alguém que divide seu tempo com ela e as outras que também são mais uma.

Por que ela não segue em frente?

...

De migalhas, de sobras, de benevolências, ela sobrevive. Mas, dizem os mais próximos, que ela está sugando o oxigênio suficiente para preencher os dois pulmões, para voltar a viver por e para si.

22 novembro, 2013

Ele não sabe dançar

Ele não sabe dançar! É por isso que ela nunca será a contemplada a bailar, ao menos uma vez, uma valsa com ele.

Ele não sabe dançar! E na verdade, nem se interessa em aprender... As preocupações são tantas que não passa pela sua cabeça essa vontade.

Ele não sabe dançar! Só sabe que em sua vida outro caminho já apareceu e o arrebatou do costumeiro convívio; do baile que ela o preparava.

Ela sabe dançar! E dançou quando soube que ele não sabia. Tentou mostrar-lhe alguns passos, mas ele disse não querer perder tempo. São várias coisas para serem feitas e são poucas as pessoas para realizarem tais tarefas. Renunciou, então, este convite da valsa um tanto quanto discreto e implícito que ela o fez.

Mas ele já soube dançar. E com quantas já dançou... e quantas fez feliz... E quantos dilemas teve de enfrentar para resolver se continuava ou não no baile! Decidiu sair. Fazendo isso, não fez dela sua próxima debutante. E o quanto ela sofreu... e o quanto ainda sofre. Mas, por quê? Existem outros no salão.

Ele diz não saber dançar mais, nem os mais simples dos passos. Só acompanha com a cabeça enquanto ela o leva em seus pensamentos; em seu coração; em seus sonhos; em seus pés que ainda tentam, cansados, conquistar aquela valsa que tanto lhe é negada por ele.

Ele não dança, mas bate palmas, acompanha o ritmo e para. Segue ouvindo, cantando, mas dançando? Nunca mais.


Mas agora ele dança do seu jeito, com seus objetivos, seus sonhos e sua escolha! E ela parada, fica vendo-o dançar. Observa, contempla e admira. 

Algum dia ele voltará a dançar? Não se sabe. Mas, para ela, que venha, agora, um tango!

10 novembro, 2013

Entre a teoria e a prática (ou A estrategista)

Quando você me esquece, machuca, ignora. Toda vez que você vai, mas não volta. Quando você não se mostra, não me lê, não me expõe pro mundo; quando parece ter vergonha de mim. Todas as vezes que você dança uma salsa em cima do meu coração, eu planejo várias coisas para isso não acontecer de novo. Penso que poderia me utilizar de estratégias para não sofrer.

Eu poderia te odiar.
Mas coração é bicho besta. Então, na primeira frase que você me diz, ele se derrete, se dilui sorrateiro dentro de mim e todo o possível sentimento de ódio, vai embora. Passo a te querer perto, bem perto, bem dentro de mim.

Eu queria que você sumisse.
Mas os olhos são crianças curiosas: te procuram e te acham. Nessa hora, não tenho dois olhos, mas dois faróis que brilham ao te ver. Que transformam qualquer vontade de estar longe na de ter por todo o tempo possível.

Eu poderia te esquecer.
Mas aí, quem me faria sorrir? Você me traz a alegria sem perceber. É por isso que, do nada, o sorriso corta o meu rosto e vem enfeitar o batom vermelho na minha boca.

Quando você volta, me abraça e diz que está tudo bem. Toda vez que me beija e afunda o rosto no meu cabelo. Todas as vezes que você me puxa pra dançar em pleno salão lotado ou pega o violão e toca aquela música, eu penso que tudo pode ser melhor de novo. Ainda mais: que tudo pode ser mais bonito. Penso que posso me utilizar de estratégias para não te perder.

08 novembro, 2013

Documento

Me toma. Cuida do que é teu por agrado e conquista.

Responsabilidade adquirida no ato de posse, lavrada, assinada e registrada.


Fostes sentenciado a estar em meus braços, pele e cheiro por longos dias.

02 novembro, 2013

Don't be afraid

Algumas vezes, é fácil se deixar levar por um tórrido romance ou, simplesmente, por uma historinha que tem todos os indícios de happy end. Infelizmente ou não, isso nem sempre dá acerto. Porque, o que está em questão é o nosso desejo de vivermos uma paixão louca e desenfreada; daquelas de arrancar suspiros e dar arrepios até no pelo do dedo mindinho. E não minta pra mim dizendo o contrário. Todos nós queremos, sentimos essa vontade. Alguns mais outros menos, é verdade, mas não há quem não queira.

O carinha olhou para você de um jeito diferente e então, você, como moça delicada, educada e simpática, retribui o olhar. Depois de algumas semanas, os dois estão caminhando de mãos dadas no parque e indo ao cinema uma vez por mês. Pode não acontecer desse jeito, mas é válido. Só que um dos dois percebe que não está se entregando de verdade ao relacionamento e resolve acabar. Então, o que estava envolvido até o pescoço lastima, chora lágrimas de sangue e diz que nunca mais vai amar alguém na vida. Posso dizer uma coisa: é certo que não vai amar do mesmo jeito, pois acredito que é assim que acontece, mas amar novamente, vai.

O problema é não passar por nossa cabeça a possibilidade do fim e de que o outro possa não estar sentindo-se bem na relação. E que, para o namoro durar, é primordial a felicidade de ambos.

E para ser feliz, não é necessário que a relação seja duradoura, mas intensa. Dá pra viver uma paixão de tirar o fôlego em dois meses. Mas também é possível viver uma relação chata durante dois anos. Tudo vai depender do seu teor de bom senso.

Mas a gente só vai saber se aquele casinho de uma noite vai dar certo (ou não) arriscando. Arrisque, não custa nada. Isso pode te trazer uns olhos inchados e um coração convalescente ou então, a paixão que você esperava. Só não podemos negar que essa ação te trará maturidade e experiência. Tudo vai depender apenas da sua coragem e percepção. E você é esperto pra isso.