18 setembro, 2017

Sereno

Se de chuva
baixa a poeira, 
renova a cor,
traz um novo brilho
pro verde que há.

Se for de ser,
acalma uma parte da alma.
Traz leveza,
baixa a poeira
(da cabeça),
renova a cor
(dos olhos).
Traz um novo brilho,
(de verdade,
de verdesperança
pro que virá).

Seja de chuva
Seja de ser,

Serene.

13 agosto, 2017

Eu tenho uma alma que é feita de sonhos

Pela primeira vez, depois de tudo isso, eu acordei e não pensei em você. Não pensei no motivo de isso ter acontecido, na falta que você faz e vai continuar fazendo. Pela primeira vez, eu não lembrei do seu sorriso fácil, das piadas sem graça que você teimava em contar quase todos os dias que nos víamos; não lembrei da sua carinha de menino que estava começando a voar.

Achei até que, hoje, eu não fosse chorar por sua partida. Pensei que não fosse sentir aquela angústia, aquela ferida aqui dentro do meu peito. Pura tolice minha. Essa ferida está aqui: viva, aberta e doendo. Você, não.

Nunca pensei que viveria momentos da minha vida ao seu lado e, da mesma forma, não pensei que nossa despedida seria assim, sem a chance de dizer adeus. Olhando suas fotos, eu acalmo a saudade e choro. Crio uma realidade paralela na qual você é o menino que sonha, sorri e faz rir.

Se, hoje, me fizessem um jogo rápido de perguntas e respostas, eu (que não sei lidar com surpresas) já saberia o que responder.

Uma palavra: descubra.
Uma cor: laranja.
Uma frase: "eu tenho uma alma que é feita de sonhos."

Você sempre estará em nossos sonhos.

Até a eternidade, meu menino!

06 agosto, 2017

Pra poder seguir

No meu processo de reorganização, o desejo de estar arrumada por dentro reflete no meu desejo de organizar tudo ao meu redor.

Hoje, joguei fora bilhetes de amores passados, CD's dados por pessoas que não são mais minhas amigas, recados que perderam a graça e não fazem mais sentido depois de tanto tempo.

Me livrei de brincos, broches, batons e esmaltes que não me agradam mais.
Mudei minha predileção por cores porque estou mudando o jeito de ver e viver a vida.

Limpei o espelho do quarto no intuito de enxergar melhor meu exterior. Meu interior eu conheço. Sei quem sou e sei como estou agora: uma bagunça organizada.

Passei, literalmente, uma borracha em anotações desnecessárias. Joguei fora meu bloco de notas. Escolhi uma caneta preta que gosto muito e anotei, em um caderno preto com folhas brancas, meus desejos pra vida que estou seguindo. Como me disseram hoje, sonhar faz bem e faz parte da vida.

Guardei as boas recordações: as fotos com meus melhores amigos, a passagem da minha primeira viagem sozinha e o fio de cabelo de Humberto Gessinger (coisas de fã...). Limpei o altarzinho onde, vez por outra, acendo uma vela e faço orações por mim e pelos meus.

Juntei os boletos e os deixei em um lugar acessível. A opção "não pagar" não faz parte do vocabulário de uma capricorniana com ascendente em touro e lua em peixes (pois é, tinha que ter água pra amolecer tanta terra).

Ainda preciso limpar o lugar dos livros. Não me cobrem rapidez nessa parte porque isso vai demorar. 

Depois disso, vou jogar fora a ansiedade, as emoções, certos sentimentos e as más recordações que ainda habitam em mim. Preciso limpar o espaço interno pra me reconstruir. Preciso estar inteira pra mim e pros meus. Quero estar leve pra poder seguir. 

Se for pra seguir, sigamos. E, como diz o poeta, vamos de mãos dadas.

14 julho, 2017

Vulnerável

O amor tirou minha voz, minha cara, 
roubou minha cor, tirou meu brilho, 
rompeu com tratados, 
desfez acordos. 
Tirou de mim o chão; 
me deixou sem teto.
Me fez perder o tom, sair da melodia, 
esquecer a letra, 
como se cantar 
e o que se escrevia. 
Ele limpou meus pensamentos 
e pensar era a única coisa que eu sabia.

Sanguessuga da alma.

O amor roubou minha temperatura. 
Estou frio e sem forma. 
E se antes eu formava e informava
agora eu já nem sei quem sou.
O amor roubou meu coração,
meu nome, 
minha identidade. 
Sou um tratado rabiscado, 
um mapa incompleto, 
um assunto indeterminado.
Um pedaço de sonho 
ou de algo amargo.
Uma criatura
simples
fragilizada pelo amor.
Vulnerável.

31 janeiro, 2017

Page Cardio!

No texto de hoje, vamos falar sobre ele que, direta ou indiretamente, é tema de 103 dos 102 textos publicados nesse blog: o coração.

1. "Coração não é tão simples quanto pensa"

É e não é. É simples porque a sua função biológica é bombear sangue para o restante do corpo. Ok., fazer isso não é fácil, mas a explicação é. Não é simples porque nós atribuímos a ele funções que ele não pode fazer. Sentir e dar direção à vida, por exemplo. "Siga o seu coração", disse ela, e aqui estou reconstruindo-o. "Deixe que o seu coração sinta as boas energias", disse ele, e aqui estou procurando a paz.

2. "E coube tudo na malinha de mão do meu coração"

Cabe muita coisa: histórias, vidas, desenganos, vontade de viver, de reerguer, de seguir, de amar, de desistir. 

3. "Cabem três vidas inteiras"

E, às vezes, não cabe nem uma porque surge a aflição, o medo, a dor, a ansiedade e faz o músculo bater mais forte, tanto que atinge o pulmão e falta o ar.

4. "Tenho um coração dividido entre a esperança e a razão"

Esperança de que vai dar certo, de que "a hora é agora". Razão que mostra que pode dar certo; de que a hora pode ser agora, mas que pode ser depois. Tudo depende da expectativa cultivada. Considerando que somos sonhadores por natureza, cultivamos não uma, mas várias expectativas: regamos, elas dão frutos e, no final, nem sempre o fruto é bom para consumir.

5. "Em desalinho ficou meu coração"

Poderia ser o cérebro, uma vez que é ele quem toma as decisões, mas como a dor é no peito e batimento cardíaco lento ou acelerado demais é mais fácil sentir, perdemos a razão porque o coração não está tão bem das pernas...

6. "Coração do mar é terra que ninguém conhece"

Nem o próprio dono. Coração é terreno perigoso, pedregoso, calmo, sutil, áspero, forte, vulcânico, maleável, minado. 

7. "Coração de estudante/ há que se cuidar da vida/ há que se cuidar do mundo"

E ainda tem muito para aprender, para ensinar, compartilhar, cultivar, bombear e sentir, digamos que, de vez em sempre.