26 outubro, 2015

Dor amputada

O tempo passou voando e o passado voltou às pressas trazendo velhos e conhecidos estragos.

A ferida está aberta, novamente.

Sem suturas, sem remédio para cicatrizar, mas, mesmo assim, não dói. O costume fez parar de doer.

E quando a gente se acostuma com a dor, parece que tudo vai bem; a impressão é de que a ferida nem existe.

Na verdade, ela se tornou mais um membro desse corpo cansado e acostumado com danos, com tragédias.

Não é um tipo de membro fantasma. Na verdade, é bem real. No entanto, imperceptível aos olhos menos sensíveis e mais desacostumados com a dor alheia.

Só se percebe a ferida quando se está relaxado, quando alguém, de bobeira, encosta e, sem querer (?), vai perfurando o ferimento trazendo sua companheira, a dor, de volta.

Machuca. Sai sangue.

A dor adormecida/habituada retorna como no dia após a perfuração, sem aquela adrenalina que impede de enxergar e sentir a realidade.

Passagem direta para o hospital.

Precisa-se de internação.

Ferida mal curada causa amputação.