Ele devolveu a chave. Dessa vez, para sempre.
Não imaginava que a dor seria tão grande no momento em que visse aquele objeto por baixo da porta, junto com um bilhete escrito de maneira simples: "olá, espero que você fique bem."
Não fiquei.
Aquela chave não foi feita para estar comigo. Eu já tinha a minha. Aquela era a dele.
Ele que ao voltar encontrou a casa arrumada, a desarrumou, de novo. Ele que tinha trocado a fechadura da porta para ter acesso exclusivo, desprezou a forma mais segura de estar na minha vida. Ele que que se dispusera a ajudar, tirou o corpo fora. Fora da minha rotina. Fora de mim.
Ele devolveu a chave. Dessa vez, sem olhar pra trás.
Agora, está em um lugar cujo acesso conseguiu com muito custo e, por isso, é melhor que o lugar que habitava em mim. Conquistou um espaço no qual as portas estão sempre abertas para ele.
Aqui estou com as duas chaves para uma mesma porta.
***
Mudei a fechadura. Tranquei a porta.
Dessa vez, joguei as chaves fora.
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