21 julho, 2014

Alguém do nada

Quem chega do nada não quer pretexto, nem conversa escondida.

Quem chega do nada só quer um banco disponível e um assunto que surge do nada.

Quem chega do nada cria afinidade ou a revela. Descobre e conta segredos.

Ri do nada. Fala bobagem. Conta piada. 

Quem chega do nada só quer fazer o outro sorrir com boca e coração.

Quem chega do nada não traz mãos frias, coração áspero ou expectativas.

Traz o olho vibrante, as mãos quentes e um coração que se adequa ao momento.

Chega sem medo de se arrepender, de quebrar a cara.

Chega blefando, porque, se colar colou.

Não conta mentiras, mas omite verdades que, na verdade, não são convenientes no momento.

Quem chega do nada não se preocupa com passado obscuro, mas não quer alguém ressentido ou mal resolvido.

Não tá procurando colo, nem abrigo.

Mas se encontrar, mesmo assim, chegando do nada, vai sentir alívio por não ser como os outros calculistas; estrategistas.

Quem chega do nada gosta da surpresa dada e recebida.

Quem vem do nada, pode sumir do nada, mas fica como recordação do momento.

Na primeira vez, a hora de ir é menos dolorida pra quem chega do nada.

Se acontecer uma segunda vez, o do nada se tornou o de hoje. Quem sabe, vai se tornar o de amanhã, o dos dias de chuva, das tardes de sábado, da mensagem enviada e recebida no meio da noite.

Por um mundo em que os do nada surjam com mais frequência, porque o coração sempre precisa bater mais forte sem motivo aparente, sem predestinação. Ele precisa acelerar, assim, do nada.

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