O amor acabou, e eu estou
saindo de casa. Ele não está. Deixei um recado para ele, na mesa, detalhando o
que estou levando e/ou deixando.
“É...
Entre um gole e outro, eu
arrumo minhas malas. Já retirei as roupas do armário, meus sapatos estão na
caixa. Meus livros, CDs e filmes já foram separados e enviados pro meu novo
lar; acho até, que eles são o que possuo de mais valioso. Meus esmaltes já não
tem mais cor, estão no lixo.
Deixei pra você um cachecol
e minha lanterna de acampamento, mas tô levando os colchonetes e a barraca.
Deixei todos os lençóis, toalhas e travesseiros pra não ter que sentir teu
cheiro. Meu notebook está na bolsa, livre de qualquer arquivo seu guardado lá
“só por precaução, meu bem.”
Escova de dente, maquiagem,
secador e produtos para cabelo estão na bolsa de praia, aquela que sua mãe me
deu no Natal. Deixo o relógio de parede, mesa e cadeiras, sofá e fogão. A
geladeira, TV e armário da cozinha, o caminhão de mudança busca amanhã. Não se preocupe, o motorista já sabe meu endereço porque ele levou a cama ontem à tarde.
Sim, ia esquecendo: as
fotos. Estou levando todas pra te poupar em pensar no que fazer com elas ou
evitar teu caminho do quarto até a lixeira. No mais, acredito que seja só isso.
Algumas coisas já foram; e o resto, estou levando. Mais uma coisinha: deixo de
brinde um pouco de solidão e carência, você vai precisar disso pra ter um
motivo pra se embriagar.
Bom, vou indo. Boa vida pra
você. A casa é sua, agora.”
Pois é, acho que depois de
tanta destruição, estou me sentindo inteira.
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