18 fevereiro, 2013

Partida


O amor acabou, e eu estou saindo de casa. Ele não está. Deixei um recado para ele, na mesa, detalhando o que estou levando e/ou deixando.

“É...

Entre um gole e outro, eu arrumo minhas malas. Já retirei as roupas do armário, meus sapatos estão na caixa. Meus livros, CDs e filmes já foram separados e enviados pro meu novo lar; acho até, que eles são o que possuo de mais valioso. Meus esmaltes já não tem mais cor, estão no lixo.

Deixei pra você um cachecol e minha lanterna de acampamento, mas tô levando os colchonetes e a barraca. Deixei todos os lençóis, toalhas e travesseiros pra não ter que sentir teu cheiro. Meu notebook está na bolsa, livre de qualquer arquivo seu guardado lá “só por precaução, meu bem.”

Escova de dente, maquiagem, secador e produtos para cabelo estão na bolsa de praia, aquela que sua mãe me deu no Natal. Deixo o relógio de parede, mesa e cadeiras, sofá e fogão. A geladeira, TV e armário da cozinha, o caminhão de mudança busca amanhã. Não se preocupe, o motorista já sabe meu endereço porque ele levou a cama ontem à tarde.

Sim, ia esquecendo: as fotos. Estou levando todas pra te poupar em pensar no que fazer com elas ou evitar teu caminho do quarto até a lixeira. No mais, acredito que seja só isso. Algumas coisas já foram; e o resto, estou levando. Mais uma coisinha: deixo de brinde um pouco de solidão e carência, você vai precisar disso pra ter um motivo pra se embriagar. 

Bom, vou indo. Boa vida pra você. A casa é sua, agora.”

Pois é, acho que depois de tanta destruição, estou me sentindo inteira.

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